My music...

https://youtu.be/IhAFEo8DO2o

domingo, dezembro 27, 2009

Atravessar a ponte...

Após uma pequena paragem...
Escutei a tua voz...de novo...
Segredaste-me um namoro fiel e, abraçaste-me...
- Palavra minha de palavra...sou Tua!
Escreves-me (novamente) com letras da tua palavra?



photo in:
http://olhares.aeiou.pt/outono8/

Na ponte da vida...
Encontrei-te...
Sorri ao teu olhar
Respirei o teu sentir
Acariciei a tua mão
Orlei de seda o espelho d'água
Do teu sonhar...
Com a verdade do meu querer...
Atravessei maresias
Sóis, mares...desertos...
Temporais...
Escrevi-te arco-íris cristal
Ensinei-te o jogo
Dos "grãos de areia"
Derrubei tecnologias...
Mostrei-te
Luas de felicidade...
E ofereci-te o outro lado...
Da ponte ...etérea...
Do leito conivente
Deste rio uno e doce!
... ... ...
Respondeste...
Com o teu sim meigo...
- "Forever"!

Momentos - (by OUTONO) - 2009



photo by OUTONO

Este Blog, esteve "ancorado" por uns tempos...
A TODOS, que ignoraram a "PARAGEM", com a sua presença, um sincero obrigado, pelo apoio sempre demonstrado...
Regressa agora, com vontade de nunca mais parar...nesta travessia da vida...

Desejo-vos um 2010...onde o outro lado da ponte, seja sempre uma


realidade feliz!






domingo, novembro 22, 2009

PARAGEM












A Todos, que me ajudaram a encontrar momentos deste criar...
um infinito OBRIGADO!
Continuarei presente em:

http://olhares.aeiou.pt/outono8

e nos VOSSOS sentires d'alma, com muito gosto!


sábado, novembro 14, 2009

Diário de um dia ...FINAL!



A viagem de regresso, à velha aldeia, tinha decorrido da melhor forma.

De mão dada, os quilómetros foram devorados ao som de música clássica. Entre olhares sempre cúmplices, a conversa aconteceu:

- Meu amor…gostei tanto do texto que escreveste de memórias. Sabes…rio-me quando penso, como é que dois “meninos “ da aldeia…hoje são habitantes das selvas urbanas…
- Vamos parar para tomar um cafezinho?
- Sim…

O velho “Sim”, muito mimado, cheio de perfume amor.

- Amor…porque escreveste aquelas memórias?
- Quero deixar um testemunho…
- Fazes bem…
- Tão bonito o texto….e retrataste-me tão bem….aquela passagem junto do relógio da Torre...

Na velha escola de Veredas, sete meninos (dois meninos e cinco meninas) juntavam-se à volta de uma mesa em U, onde a Dª. Maria leccionava os quatro patamares do ensino básico…em simultâneo.

Tarefa difícil, para quem ensinava…há mais de três décadas e, apesar da evolução tecnológica, combatia o interior desconhecido com velhas sebentas e livros remendados.

Ao lado, noutra aldeia, Rios, sete meninos ( uma menina e seis rapazes ) tinham carteiras individuais…e até um projector de “slides”…quase sempre avariado, para além de uma “televisão”, que era um interessante aquário e, uma professora fera na disciplina, competente no ensino, doce no humanismo, a Dª. Mariana .

Apesar de escolas bem diferentes, rivalizavam no ensino e, até em junção com a paróquia, organizavam jogos florais, sempre momentos altos nas festas de Natal, realizadas na Igreja.

Os pais, não cabiam de contentes em ver os seus “putos” subir ao palanque, para declamarem ou lerem obras da sua lavra. E o comentário era unânime na praça da Junta:

- Aquela Zita é endiabrada…lembra-se de cada uma….

E do outro lado fazia-se logo sentir a diferença:

- Pois…pois, mas o Zézito chega para ela…
- Tá bem …dá-lhe troco…mas ela leva sempre de vencida…
- Sim…mas este ano ganharam os dois…e sabes como é, as raparigas crescem mais depressa que os rapazes…eles ficam ali a patinar uns anitos…mas depois…é vê-los galopar…

Naquele ano, o padre António tinha pedido para fazerem um poema sobre o Amor, muito a propósito da visita papal.

Zézito escreveu e disse assim:

Eu amo o Céu e a Terra
Amigos do Sol de cada dia
Porque quando acordamos
Pensamos logo em brincar
Antes que a Lua chegue.
Depois, à noite
Com amor rezamos
E vamos para a caminha
A pensar no dia seguinte
Nas correrias até chegar à escola
Onde a Dª. Maria com amor
Nos ensina a sermos crescidos.
Eu quero ser crescido
E ter amor também!

A Zita ajeitou o laçarote do bibe, sorriu e declamou:

Na minha terra há amor
Um amor que é nosso
De todos.
Eu amo a família
Os amigos
E os animais.
Dar amor é tão bom!

No final, as votações foram unânimes. Zita e Zézito, ganharam um primeiro lugar. Subiram ao palanque, o senhor prior deu-lhes um prémio, um livro de catequese e, de mão dada agradeceram as palmas. Olharam um para outro…e partiram para as suas aldeias, ainda distantes.

Nas férias da Páscoa, Zézito correu até Rios. Eram quase dois quilómetros , por entre quintas e silvados, à procura de brincar um pouco com a Zita . Chegado ao terreiro da Fonte, viu-a no degrau fundeiro da sua casa, a brincar com outro menino à sardinha. Aproximou-se, devagarinho…e o outro menino ao notá-lo, deitou a língua de fora à Zita e desapareceu a correr.

- Olá… "tás" boa?
- Sim…vieste aqui com os teus pais?
- Não… vim sozinho.
- Sozinho?
- Sim…vim ver-te …brincar um pouco…
- Olha tens um pião?
- Sim… e sei lançá-lo…queres ver?

Por ali ficaram, entretidos na brincadeira…enquanto ela brincava à malha e, ele fazia habilidades com o pião.

Antes da ceia, disse-lhe adeus e correu até casa. Ainda a tempo de lhe perguntar:

- Amanhã posso vir brincar contigo?
- Sim…

No dia seguinte, voltou a Rios e lá estava a menina do seu encanto, com um enorme laçarote no cabelo, a brincar com mais meninos.

Aproximou-se…devagarinho... olhou-a sorridente e disse-lhe:

- Olá…"tás" boa?
- Sim…e tu?
- Também
- Olha lá…não te cansas de vir aqui para brincar comigo….e depois voltares p’ra trás?
- Não. Gosto de brincar contigo…não faz mal?
- Achas??? …também gosto de brincar contigo…mas não vou a Veredas ….p’ra voltar!
- Isso não importa…

Todos os dias das férias da Páscoa, Zézito fazia quatro quilómetros, para brincar com a menina. E quando chegava a casa, a mãe até lhe perguntava:

- Ah! Rapaz…parece que andas esfomeado…onde andaste que vens vermelho?
- Eu? Mãe…eu andei por aí a correr atrás dos cães do pastor…
- Tu és maluco…

No último dia de férias, Zézito correu até Rios, com uma folha de papel, na mão. No meio do adro da igreja…encontrou a menina Zita a brincar com o outro menino .

Aproximou-se…devagarinho e, o outro menino sumiu. Antes, no entanto, voltou a deitar a língua de fora, acto de imediato reprovado por Zézito.

- Olha…não gosto que brinques com aquele menino…é mesmo parvo…
- Não ligues…ele é assim…
- "Tá" bem…mas não é bonito deitar a língua de fora…a ninguém…
- Não ligues…ele é assim… O que tens na mão?
- É um papel…
- Mostra…

Zézito meio envergonhado, deu-lhe o papel para a mão. Baixou os olhos…e ficou à espera da resposta:

- É bonito…sabes uma coisa…quando o senhor prior, nos pediu para escrevermos sobre o Amor…eu tive quase para escrever que Amor também é namorar…eu vejo a minha irmã mais velha a chamar Amor ao namorado…
- E então … ?
- "Tá" bem…mas olha…tem de ser às escondidas…ainda somos meninos…
- "Tá" bem…mas não voltas a brincar com aquele menino que te deita a língua de fora…
- "Tá" bem…prometo…mas agora, nós podemos deitar a língua de fora um ao outro…somos namorados…

Chegados à aldeia, mesmo à porta da casa, um saco de panos, artesanalmente unidos, com uma broa…e alguns doces. A Ti Maria do Carmo, não se esquecera…dos gostos do Zézito…agora menino Zé.
Entrámos e a casa estava fria.
Corri para a lareira…enquanto ela … agarrava-me pelas costas…e perguntava gozona:

- O jantar fazes tu…ou fazes tu?
- OK…fazemos nós…
- Eu faço a salada…e a sobremesa…
- Não …não …a sobremesa sou eu que faço…com um beijo…
- Maluco…e eu gosto tanto que sejas assim …. o meu doce e apaixonado maluco...UHMMM!

O café era o elo da meditação. Como sempre, enroscados um no outro, em enleios constantes…onde a velha manta de lã serrana , cumpria a função de aconchegar, juntamente com o calor da lareira.

- Amor…porque não me deixaste ler o resto do texto? Tinhas folhas agrafadas!
- O resto do texto é uma surpresa…muito grande…e oxalá que nunca te revele essa surpresa…
- Porquê?
- É uma surpresa…
- Mas…porque não queres revelar…melhor….desejas não revelar?
- Seria levantar recordações …e eu não quero…por ora…
- "Tá" bem…mas fico curiosa…mas respeito… OK?

Era quase meia noite…e as carícias ainda não tinham parado…como sede de um amar saudade.
O telemóvel dela tocou.

- Então não atendes….não percebo…como és capaz de andar com um telemóvel desse tamanho?
- Pois…mas tem de ser. É o meu mini computador…Olha tenho um email…deixa ver:


NESTE RIO DE OLHARES

Neste rio de olhares…sedento de ti minha flor, sonho-te
No acariciar de pétalas doces e ousadas do teu amar…
Neste constante abrir de fluxos adocicados mágicos de nós
Serenar aberto, fonte infinita, correr seguro, quimera una!.

Como é bom subir ao ponto mais alto do teu querer, meu ...
Dar-te a conhecer este imprimir livro encantado, livre...
Nos poemas, nunca ditos, por dizer, mas segredados
Nas noites, onde o luar convida e a noite delonga, nossa!

Neste acalmar de corpo planície de sentires variegados
Meneio-te as ondas capilares provocadoras deste estar
E dedilho-me como se frio tivesse, no dizer d'alma soletrado.

Cristalizo a tua boca receptora, com o ornar da minha sede
Rasgo preconceitos, formas pudicas de sociedades castas
E semeio-te a razão deste viver , verbo análogo de dizer, teu !

<<< <<< <<< <<< <<<


-Tão lindo…."pera" aí ….malvado….quando o escreveste?
- Antes de ir buscar-te ao nosso mar…
- Mas só agora chegou…
- “Daaaaaaa”….programei o envio…
- Oooops !!!!…desculpa! Tão lindo. É para mim?
- Não… é para a outra…
- Já paravas...Qual??? ...aquela que te comenta no Blog…
as tuas palavras são segredos que me afagam o meu pensamento
- Amor…isso é linguagem virtual…eu nem a conheço…
- Pois…mas eu não gosto…
- Olha eu também não gosto daquele “aviador”….que te comenta dizendo que o deixas tão feliz…
- Amor …não ligues….ele é assim…e além do mais é linguagem virtual…
- Vês…também não gosto…
- Amor…não tenhas ciúmes…prometo que tomarei em conta os “disparates” dele…e se necessário actuarei…
- Muito bem…faço minhas as tuas palavras…quanto a ela…
- Tens ciúmes de mim?
- Um pouco. Repara… vivemos afastados um do outro, por vezes semanas seguidas…
- Eu entendo…mas sou tua…já o sabes…e mantenho um respeito e fidelidade à tua pessoa…sabes isso?
- Sim. E não duvides…
- Eu acredito…não precisas de dizer…
- Ai…ai…só de pensar que depois de amanhã tenho de ir para Bruxelas
- Eu levo-te lá….
- A Bruxelas…??????
- Não… ao aeroporto…
- Malvado…caio sempre…

E o amor aconteceu. Envoltos no maior segredo desse verbo doce…a noite em conchinha passou rápida. No dia seguinte, pequeno almoço no café do Ti João…que astuto…lembrando-se da zanga anterior…remata:

- Pois…pois…Bons dias!
- Bom dia…
- Então ...olhe lá... não é melhor bem acompanhado do que só e triste?

Sem perceber porquê, ela pergunta:

- Mas estiveste aqui acompanhado com quem?
- Calma….
- OH! "Stora"…aqui o menino Zé no outro dia estava triste…e veio sozinho aqui ao café…e eu perguntei-lhe se estava sozinho…e olhe que estava…juro!

No caminho de regresso à capital, como sempre de mão dada, técnica aperfeiçoada e altamente facilitada em carros de caixa automática, várias juras eram sempre rematadas com um sorriso…e um… “para sempre” !

No aeroporto, os abraços sucediam-se em quarto crescente…cada vez mais orlados por beijos longos.

Quase, na hora do embarque…

- Ok…meu amor…tenho de ir…AMO-TE! MUITO!
- Espera…quando voltas?
- Daqui a três semanas…se tudo correr bem…sabes como é a política?
- É …eu sei…incrível…apesar de sermos de quadrantes de política diferente…
- Não direi diferentes…pequenos nadas de diferenças…mas ias a dizer…
- Que nos damos bem…no amor…no amor….no amor…no amor…
- Tão bom…sentir-te feliz…gosto de ver esse teu ar sorridente…
- Amor…lembrei-me…não me digas…que vamos falhar a Carmina Burana…eu já comprei bilhetes…
- Amor..eu estou em Bruxelas… "pera"….isso é para o próximo fim de semana…certo?
- Sim…
- Malvado… dás-me cabo do orçamento…vou marcar já bilhete de avião, para sábado próximo …vês… é para isso que servem os telemóveis grandes…e isto é amor! OUVISTE!

- Não grites…se os pássaros ouvem…ainda fazem greve…e afectam a aviação!




in DIÁRIO - By OUTONO - 2009

domingo, outubro 25, 2009

Diário de um dia ...continuação



…quando cheguei a casa, com cinco minutos de atraso em relação à meia hora prometida…tinha um miminho à espera. Em cima da mesa, num ambiente envolvente de Mozart, o meu chá preferido – Imperador.

Sorri, aproximei-me e beijei-lhe os cabelos sempre sedosos e compridos.

- Olá…desculpa o atraso…mas ainda tive de tirar umas fotografias ao poço abandonado da quinta da serra…



- Tu e a fotografia…a mim nem me fotografas…não me ligas nenhuma…

- Como te atreves…a dizer ... que não te ligo nenhuma, depois daquele episódio…estou aqui… não estou?

- Desculpa…dá-me um beijo doce…

- Primeiro …tenho de beber chá…estou a precisar…
Que bom …foste ao pormenor da caneca preferida…oferecida por uma mulher apaixonada…
" Eu sou do tamanho do que vejo... E não do tamanho de minha altura."

- Tens de me explicar o teu fascínio por Fernando Pessoa…

- Não será melhor... Alberto Caeiro?

- E o beijo…”tá” difícil…. ???

E o momento aconteceu. Nunca tinha sucedido, falarmos de lábios colados. Exercício exigente, mas compreensível. Ninguém queria desistir.

- Amor…

- Sim ainda sou o teu amor…depois da tormenta…!!!! Aliás, o amor nasce forte e demora a desaparecer…esquecer... é melhor!

- Ainda não esqueceste….e tens razão. Toda a razão! Olha… o Outono tem destas influências…a queda da folha, as primeiras chuvas, o cair da temperatura…

- Não me digas que o Outono foi responsável, pelo desentendimento…

- Não…estou a brincar…mas reconheço que tens razão…pequenos nadas e ficamos sentidos…

- Achas que….?????

-Desculpa…já pedi. E é bom seres sensível. É sinal do teu amor…do teu pleno amor…obrigada por existires!!!!!!!

-Vá….e tu aprende a ser mais apaixonada…

-Feitios…diferenças…mas eu amo-te!

Com todo o fulgor de um abraço e sucessivos beijos pacificadores…o tempo passou rápido e a noite caiu. Do pouco de reserva no frigorífico, inventei uma refeição rápida de massa verde com molho bechamel, cogumelos , fiambre e camarões. Duas romãs brancas…e um chá de frutos vermelhos. Uma salada de agriões…e uma escapadela ao quintal, para roubar um limão suculento…e ainda restava um pouco de queijo Feta.

Na cozinha…incendiou-se a lareira, ainda activa com as brasas da manhã. Enquanto comíamos, os nossos olhos cruzavam-se em espelhos sucessivos de felicidade.

Num acto muito simples, mas romântico, puxou de um envelope e disse-me:

- Lê…queria escrever-te uma carta de amor, mas não fui capaz…

Numa caligrafia difícil, mas redonda e quase simétrica…um pequeno texto:



- Meu amor
Amo-te desde o raiar da manhã até ao pôr-do-sol … e o hiato entre esses dois tempos, é preenchido pelo sono e o sonho (que teimosamente não se deixa lembrar...nunca me lembro dos sonhos) onde lá terá o amor, o meu amor por ti… sido nele, também uma constante … tenho a certeza…

Um beijinho apaixonado.

Tua


Sorri…e agradeci...com um beijo carícia.

- Lindo. Esse teu dizer..

- “Bigada”

Disse num tom mimado, típico de quem se sente feliz. A refeição terminara, o café servido na sala de estar contígua ao lancil da escada dos quartos…e enrolados na velha mas quente manta comprada na Estrela…há muito tempo… (ainda era jovem)…cobria-nos os corpos colados de saudade.

- Meu amor… amanhã…tenho de ir a Lisboa. Tenho uma reunião, onde não posso faltar.

- Mesmo em férias…estás de serviço…

- Pois é…tem de ser.

- Posso ir contigo?

- Podes…mas não preferes ficar a descansar? Tens uns dias de férias…fica por aqui! Eu dentro de dois dias regresso…

- Nem penses…vou contigo…deixo o meu carro aqui…e depois regressamos. Sabe tão bem viajarmos de mão dada…

No enleio da noite, o CD repetia Emma Shapplin…enquanto falávamos do nosso futuro, nos beijos sempre mel de cada “parágrafo”.

Quase em forma de birra…mordeu-me o lábio suavemente e disse:

- Não é justo. Eu lembrei-me de ti. Escrevi-te um simulacro de carta apaixonada ( muito reduzida) …assim deste tamanho…e tu…sim tu, que te gabas de escrever poemas só para mim…aliás prometeste-me um livro de poemas só meus, que nunca mais passa do meio…não me escreveste nada, nesta saudade. ???

Sorri…olhei-lhe os olhos amendoados e já quase cobertos de sono…disse:

- Se Vª. Exª. me deixar…vou buscar um “despacho” do meu coração escrito na serra da convulsão…e assim o livro já passa do meio…falta só 49% de poemas…

- Tu queres …é ver-te livre de mim…deixa-te estar…é tão bom saborear o teu quentinho…e eu não me quero zangar…não escreveste nada! Mas eu perdoo-te! Aliás tens razão por teres ficado zangado…

- Agora vou ficar novamente …não acreditas que te escrevi um poema?

-OK! Vou declamá-lo….




Eu amo-te
Flor do meu perfume
Jardim do meu olhar
Corpo do meu perder-me
Beijo da minha sede
Abraço mar bonito
Amor segredo puro
Vontade sempre
Canto a um só…
Amor!

- Querido, meu anjo…tens uma mente prodígio. Aliás, adoro-te por seres quem és…mas inventaste agora esse poema…que é LINDO!!!!!!! Não o escreveste! Não inventes…já paravas!!!!!!!

- Ups!!!!…desvia um pouco…estás “pesadita”…sabes? Aqui está a folha dobrada em quatro do poema que te escrevi…faz favor de conferir. Mas…e antes que a zanga comece…menti-te…escrevi-o no café do Ti João…não na Serra. Lê... melga…

- Tão lindo!!!!!!!…Amor…perdoa-me…mais uma vez fui insensata…Vamos dormir…vá… toca a aproveitar as poucas horas de sono…amanhã vamos a Lisboa…e enquanto vais para a tua reunião…eu vou tomar um chá ao mar…ao nosso mar…Depois regressamos para o nosso ninho…Amo-te... OUVISTE?





- Fala baixo…os passarinhos já estão a dormir……..

Pequena série de "Diários" publicados - By Outono


domingo, outubro 11, 2009

Ninhos d'amor...

Ninhos d'amor
foto by OUTONO

Diário de um dia....

Abri o postigo do andar superior da casa de campo. Espreitei o verde ainda húmido daquela manhã, onde o sol vermelho do dia anterior, agendava mais um dia de calor outonal. Coloquei como de costume, as mãos fechadas em suporte no queixo...e quase que pratiquei apneia, pelo odor fresco de ar puro...e perfumes de flores ainda resistentes.

Tinha acabado de acordar, e procurava na chávena de café quente, um impulso para um dia, onde lembrava os momentos das últimas horas.

Sentei-me na lage semi-redonda da lareira de cozinha...e, brincava com o dedo nas cinzas d'ontem...escrevendo e apagando mensagens, que só eu lia.

Arranquei um pequeno ramo de carqueja, que restava da preparação do arroz, com carnes fumadas..do nosso jantar , levei-o perto do nariz...e, quase que num golpe de mapia o odor típico daquela planta asterácea, me fez lembrar o teu perfume quente e sensual...nos infinitos beijos cúmplices da noite anterior.

O teu sair calmo, após um desassossego de entendimento...fez-me vacilar entre o abraço que prende e o beijo que despede.

Comecei a sentir um frio desagradável...e só minutos depois reflecti, que não seria bom andar descalço nesta época do ano.

Levantei-me e desci ao piso dos quartos... quase em jogo de criança...abri todos, na esperança de te ver com um sorriso triste mas amigo...e segredar-me um: - demoraste tanto tempo a encontrar-me...
ou: - pensaste mesmo que eu tinha saido...?

Vejo-me só no longo corredor...e, num pensamento rápido agarro na máquina fotográfica e, tiro uma fotografia à minha sombra projectada no chão, efeito de contraluz do sol penetrante na janela fundeira.

Lembro-me da brincadeira que fazíamos no bosque onde tentávamos adivinhar os significados das sombras projectadas. Ganhavas sempre. Dizia, que tinhas um bom olhar e, respondias : - eu??? pitosga absoluta!

A fome começava a ditar um sentir. O cheiro a pequeno almoço aldeão das casas vizinhas, servia de tónico, para me decidir. Tomo um banho, esqueço-me da barba ...meia de pente....como diz a cabeleireira de longa data...visto o caqui já roçado e lanço-me aldeia dentro até ao café do Ti João.

- Bom dia amigo...digo no meu arfar depois da ladeira da viela da velha igreja do século XVII..e, ouço um sorriso a medo...: -então vem só?

É...hoje é assim, mais vale só que mal acompanhado...respondo gozão...tentando aliviar a tristeza que efectivamente me enchia .

- Amigo...um pãozinho com presunto e um galão...se faz favor...
- Presunto muito fininho...não é????
- Sim...sim...e o galão...
- Já sei ...escuro!

Olho para a televisão, único ruido adjacente , para além do borbulhar da água da fonte de esquina...e vejo que o mundo não melhorou.

O Ti João chega-se à mesa com o galão e o pãozinho ainda quente...e comenta:

- Desculpe lá...já viu aquele "parvónio" suicidou-se...há lá cada maluco...
- Pois...mas Oh! Ti João...sabe o porquê?
- Sei lá...só sei que é de malucos dar cabo da vida...
- Concordo. Eu mesmo andando mal....gosto muito de vir aqui tomar um cafézinho...porque vivo!
- Desculpe lá...e, não leve a mal ...mas hoje "tá mal..."!

Fiquei apreensivo. O Ti João na sua sabedoria popular de experiências e mezinhas seculares, tinha-me "topado".

Não disse nada...sorri...e apenas referi: - tem dias!

Depois do repasto, faço-me à serra pela encosta sul, no velho caminho romano, património abandonado...e delapidado por abusadores irracionais. Apanho a velha seara...meto-a na boca e, continuo serra fora, com o sol pela frente. Olho em redor...noto-me a sós e, ensaio uns movimentos de ginástica, para poder respirar mais profundamente o ar. E penso...quem me dera naquele momento ser sufocado pelo teu beijo quente e doce nosso, na repetição da noite passada.

Continuo a caminhada, e vou acariciando as flores silvestres...tantas vezes ofertadas no teu regaço, depois de olhares escorregadios nos momentos êxtase de um sentir amor. Lembro-me de um dia ter dito...que deveria parar de te dar flores silvestres. Respondeste: - nem penses!!!! Retorqui: - repara, assim colocamos as pobres flores em vias de extinção... Ouvi o sugar do teu lábio inferior no meu superior...dizer : - as flores são como o amor...quanto mais se dão mais se multiplicam...é o chamado equilíbrio ambiental...tal como o nosso amor, quanto mais acontece...mais saudade temos.

Sento-me na pedra marco da quinta do Chão da Cruz...olho as romanzeiras do Ti Morgado...e saco mais uns disparos no céu ondulante de nuvens, algumas com feitios bem humorados...Estou tão longe da realidade, que nem me apercebo do toque personalizado do telemóvel...

- Sim...
- Olá ..."tás bem"?
- Sim...calmo, consegui dormir.
- O que "tás" a fazer?
- A passear...vim até à serra...respirar um pouco melhor e tirar umas fotos...
- Amor...eu amo-te ...ouviste?

Guardei um silêncio e respondi:

- Eu também...
- Achas que vale algum cêntimo, ficarmos assim quando a essência somos nós?
- Acho que temos de entender a razão de cada um ...
- Mas a minha razão...
- Calma...e a minha razão ?
- OK. não vamos voltar a discutir...
- Claro...mas também não deveremos ser inflexíveis!
- Olha..."tou" triste...muito triste...pareço uma tonta, que não pára de chorar...
- Sabes...chorar faz bem!
- Cínico...mas chorar de alegria...não de tristeza...
- Cínico???
- "Cinicozinho"...um pouquinho...
- Olha...a chave da entrada...ainda está escondida no mesmo sítio?
- Sim...porquê?
- "Tou" cheia de frio...com sono e desejosa de um abraço teu. Desculpa aquilo d'ontem...vem depressa...eu amo-te ouviste?
- Estou aí dentro de meia hora! Mas vais assinar um compromisso de honra...selado com tinta de sumo de limão...
- OK...farei tudo o que o meu "agente secreto" quiser...eu amo-te ouviste?
- Sim, ouvi...
- Então porque não dizes?
- Não digo...porque se os passarinhos ouvem...enchem-me os beirais da casa com ninhos ...d'amor!


Pequena série de diários publicados - by OUTONO

segunda-feira, setembro 28, 2009

É Outono amor!



"OUTONO" by OUTONO
2009
pequena aguarela
15cm/20cm

Sentado neste olhar de horizontes infinitos
Leio-te versos sem conta do teu contar doce
Sorrio ao luar atrevido neste correr de horas
E escrevo-te sublinhados de palavras nossas.

Como é bom poder abraçar-te, aqui neste lugar
Repetido de enleios e odores mar azul nascente
Polvilhado de algas seda...mistérios trazidos
Sussurros de pescadores na faina do incerto!

E os silêncios avolumam-se na beleza do sentir
Tanto... traduzidos por imenso profundo amar
Tanto... no perder de contas das flores doadas.

E o livro abandona-se, o mar enche, a alma dita
Levanta-se o vento do almejar forte mas suave
E enleva-se o canto estação...É Outono amor!

"OUTONO" by OUTONO
2009


sexta-feira, setembro 18, 2009

O desejo



...algures num banco, outrora romântico.
foto by
OUTONO


O DESEJO

É neste rendilhado de veredas íngremes
Que sulco vidas, sóis perdidos etéreos
Espaços onde declamo sentires sussurros
Forças deste escrever d'alma maresia...

É neste desejo de enredo compulsivo
Que me envolvo e abraço em torpor
Mar revolto de azuis força, maré viva...
E perco a âncora do infinito por remir...

Quem me dera navegar solto e confiante
Nesse horizonte...lá longe ...bem febril
Até ao cair do último raiar de solstício...

Quem me dera batalhar ondas iodadas
Refrescar-me nas manhãs frescas de ti
E perder-me neste labirinto de quartzos...

in - MOMENTOS - OUTONO - 2009

Poema também editado em :
http://porosidade-eterea.blogspot.com

domingo, setembro 06, 2009

Neste livro...


...ao navegar de leituras na net...

Neste livro...onde te escrevo mensagens deste interior
Marco páginas de pensamentos mar, onde navegamos
E espero-te sempre na ânsia de um aportar apaixonado
No teu amor total de sóis brilhantes e luares coloridos .

Olho-te nesta distância superior do nosso almejar e crer
Em olhares sedentos de olhares teus e abraços nossos
Grito à ânsia o medo de perder um instante deste amar
Responde-me, rios gotejantes de languidez suave e doce!

Por vezes silêncios, por outras... palavras, por nós beijos
E o canto encerra-se neste mostrar de formas cativas
No caminho perdido na urze silvestre deste clamor vida.

Encerra-se ...mas nunca se perde....nunca se esgota
Nunca se trai...nunca se esquece...nunca se deturpa
Nesta osmose corporal, onde somos monólogo etéreo!

in - momentos - (OUTONO) - 2009

terça-feira, agosto 25, 2009

Por entre músicas...



Foto by - OUTONO
(dir. reservados)

Por entre músicas...de outros gostos
E palavras substantivos de obrigação
Fluiu uma mensagem cristalina tua
Alfobre de sementes amor fulgor...
Cativa em solfejos de música apego
No entender de cada momento teu
No encontro de cada amar meu
Na verdade, que nunca renega o sentir
Na flor sempre viçosa do nosso abraçar
No determinar sentido... de cada manhã!

in - MOMENTOS LONGE - (by OUTONO - 2009)

sábado, agosto 01, 2009

Como eu gostaria...

...gentileza da Net
Pintura a óleo
Autor desconhecido.

Como eu gostaria de olhar o céu e, sentir-me nele
Livre em azuis brilhantes, matizados pelo astro vida
Onde até os cinzentos, fossem alma desafio e cor
Neste universo de "casinhas" redondas onde giram...

Como eu gostaria de nascer todos os dias, a sorrir
Mesmo em choro de presença simbólica e frágil
De braços agitados, como pedido de amor carinho
E olhos irrequietos na procura da sede amamento...

Seria um versejar de águas cristalinas e corredoras
Em planícies verdes , loucas sensações de estar
Paraíso paleta de cores, quadro desejo por pintar ...


E apenas a companhia do acto multiplicador alado
Em olhares múltiplos e, envolvimentos sonho colados...
Como eu gostaria...de conjugar sonho com realidade!

by OUTONO - Momentos - 2009

sábado, julho 04, 2009

Digo-te...



...o esconder do sol... na NET


No silêncio dos teus beijos...há discursos de amor
Manifestos de entrega e rios abraçados por sonhos
No calmo canto de estrofes nossas declamadas
No agarrar forte da razão marcante titular.

Digo-te ...nascente de embalos cegos balsâmicos
Decoro-te em páginas de papiros reparadores
Ouso mesmo, criar sentidos de seda únicos
Até ao futuro...para nunca me perder do teu olhar.

Respondes-me sempre...em suave jeito: - gosto-te...
Enquanto sublinhas a leveza do amar imenso ...
Em traços de areia da falésia esculpida pelo mar.

É nesta geografia de impulsos viagem tentação
Que germino raízes, emoções e memórias...
Num escrever sussurrante longo..........mo-te!


in MOMENTOS ( by OUTONO) - 2009

quarta-feira, junho 24, 2009

No teu infinito...



...olhar pela net


No teu infinito acordar de édenes cíclicos
Nestes espreguiçares de verão constantes
Evade-se a sombra do firme apelo código...
E estende-se o momento para lá de nós.

Aguarelas leves de cores e "sons" empenho
Segredos constantes, dialogados no areal
Serras, terras, planícies...mundos de mão dada
No embalo como caligrafia azul do caminho.

Mergulho nas águas quentes do teu olhar
Silencio-te o sorriso desse abraçar único
Enquanto saboreamos o chá jasmim do pacto.

E a redacção apontoada sustem-se rítmica
Sem parágrafos, parêntesis ou luxos cadência
Enfim, escrever indelével, ancorar bonançoso!


in - MOMENTOS - by OUTONO - 2009

quinta-feira, junho 18, 2009

INTERREGNO...



...algures na NET

No outro dia comentei...
Enquanto escrevia memórias...
Que este lugar TERRA está adormecido!

Alguém disse de imediato...
- Adormecido não...perdido de sono!

in MEMÓRIAS - by OUTONO 2009

sábado, junho 13, 2009

POEMA INCOMPLETO...



gentileza da NET

Neste lado
Do lado de cá
Espero-te...
Em compasso de ânsia...

Neste modo
No modo nosso
Toco-te...
Em sedas silêncio...

Neste sorriso
Sorriso cúmplice
Segredo-te...
Olhares natureza...

Neste enleio
Há enleios em ti
Soltos...
Essências guardiãs de paz...

Neste dizer
Há dizer em escrita
Símbolo...
Livro abraço teu..

Neste Mundo
No Mundo d'hoje
Amo-te...
Amor azul de mar...

... ... ...

in MOMENTOS - by OUTONO - 2009

segunda-feira, junho 08, 2009

Por momentos...



...gentileza da NET

Por momentos... ousei esquecer-me de ti ...
Tal a satisfação do enleio marcado nosso
Só para ter a noção do vazio horizonte...
Só para te dizer que saudade é esmaecer.

Neste cruzar constante de sentimentos fortes
Há paralelos sublimes de leituras nossas
Há sibilos de inspiração louca entoada
Símbolos e avidez cíclica de mares azuis.

E amanhã...é já saudade marcada de hoje
Nesse verter constante de palavras e olhares
Por vezes... calados, no retiro da paisagem!

E amanhã... é já sorriso premente de hoje
Diálogos nossos...gestos simples em fusão
Louco anseio de versos pérola declamados !


in - MOMENTOS - by OUTONO - 2009

terça-feira, junho 02, 2009

Momentos de ti...



...o tempo na NET

E o tempo que voa, num sufoco de pressa
Tão veloz, como traidor da ânsia do caminho
Tão simétrico, nos olhares doces por assinar
Tão entregue, no arroubo feérico por gotejar.

No acontecer gradual de essências calmantes
No calar saudades da colagem seiva mel
No "ballet" sincronizado de agendas forçadas
No trânsito por vencer em vielas inacabadas.

E a noite sucede, ao romper da aurora lunar
Como sempre, fugaz indiferente e ditadora
Como fogo nascente, na boca reclamadora.

Gostaria tanto de dialogar com os teus olhos...
Plagiar-te frases coerentes neste amar amado
Fruir momentos rendidos, em êxtase partilhado!

in - MOMENTOS - by OUTONO 2009

quarta-feira, maio 27, 2009

És minha...


...gentileza da NET


Olho-te...
Vermelha...e carnuda...
Fico palpitante de amores e gostos...
Atiro-me...gostosa...
As mãos agarram-te...
Rolo-te na ponta dos dedos...
Afago o corpo bem feito...
Olho-te com desejos sôfregos,
De comer-te toda...
Toda...até ao teu gemido,
A pedir calma na secura da boca...
Mordo-te...a pedir mais...
Olho-te, com todas as volúpias...
Trinco-te, mordo-te, esmago-te...
Engulo o teu doce licor...
Libertado com as carícias da língua...
Não resisto...
Cegas-me de prazer e gosto...
OH ! Cereja tentação.

in - MOMENTOS - By OUTONO - 2001


NOTA: trabalho editado em 2001, publicado neste Blog em 2008, repetido hoje, depois do primeiro "manjar" de cerejas da "minha" serra da Gardunha...

sábado, maio 23, 2009

Para lá do verbo...



...com a devida vénia - NU - by Modigliani

Em cada instante da tua hesitação...
Navego-te em carícias sorriso enlevo
No segredo das nossas praias brancas
E o poema acontece...para lá do âmago.

Para lá do verbo caminhante arroubo
Na rota da seda perfume tecida
Há sóis chama na soleira do teu colo
Até ao solver abrigo dos teus lábios.

Plagio-te em chocolate negro e amargo
Café forte e deleites campestres mil
Abraços sempre inconclusivos tardios...

Para lá do gosto sempre dito e sufocado
Atrevo-me em correr-te na nudez dos ombros
Para lá da melodia rubra crescente...


in - MOMENTOS - by OUTONO - 2009

segunda-feira, maio 18, 2009

Palavras não ditas...



...gentileza da Net

Há uma imensidão de palavras não ditas
No mar calmo do teu viver, da tua luz...
Em encontros de acasos fogo e alma
Nesse abraçar de mãos e olhares casulo.

Destinos...lua, exaltação verdades simples
Ousadias e seivas doadas de conluio doces
Provocações imunes ao pensamento errante
Embriago de temas soltos, em ondas secretas.

Na aguarela do quadro basilar, sinto-te...
Em noites fortes de velocidade traidora
E, vejo-te partir de olhos cristal marcados...

O tempo da minha razão pergunta-me...onde?
Respondo-te à margem do frio Outonal
Que importa a brisa leve, se a sede acaba?

in - MOMENTOS - Outono - 2009

segunda-feira, maio 11, 2009

Tanto (a)mar...



...algures, por mares nunca dantes navegados...na NET...colocados!

Ali, frente a frente...olhei-te mar revolto de sedução
Avancei destemido...molhei os pés provocadoramente
deste-me sal iodado ...e, fugiste arrastando segredos.

Voltaste ao meu encontro...verde e azul de feição
Toquei-te a medo na espuma ébria, fútil e bravia
Sorriste...senti cócegas de areia frágil e, recuaste de novo.

Cantei-te em murmúrio, o teu poema doce e trágico
Chorei, com a fresquidão do teu sopro Adamastor
E voltaste ainda mais forte...sedento e severo.

Na corrente falsa do teu espraiar...vieste sete vezes
Dizer-me beleza, força...sonho, vastidão e querer
Sete vezes te respondi...sete vezes te amei louco.

E antes, que herói fosse, no rasgo da luta humana
Recuo...gozo-te... fenómeno gigante destemido
E escrevo-te no sossego da mente - ATÉ JÁ AMIGO!

in - MOMENTOS - by OUTONO - 2009

terça-feira, maio 05, 2009

Soneto da palavra...



...gentileza da Net

Escrevo-te com o vagar da leitura sensual...
Desenho-te no horizonte da página deserta ...
Atrevo-me no significado da letra redonda ...
E jogo-te ao pensamento da ousadia porvir.

Ouço-te na sinfonia do encontro frase...
E algemo-me no teu acto cultural amante
Como beijo em face perfumada de ânsias ...
Até à ousadia do naufrágio volúpia.

Uma simples demão de tinta impressa
Casulo matriz da multiplicação escrivã
Moldura do enlace cupido escrita livro.

Por mais que cresças palavra sentir...
Por mais que te confundam palavra dor...
Agradeço-te a regra do meu verbo vontade!

in - MOMENTOS - by OUTONO - 2009

domingo, maio 03, 2009

Na volta do correio...



...gentileza da Net

Sempre ouvi dizer... que toda a carta tem resposta.
Por mail...simpaticamente, recebi esta "resposta" ao meu "post" anterior.
Com a devida autorização, edito esta partilha.
Apesar do anónimo C. (compreensível), a beleza reportada merece-me um agradecimento muito especial.

Querido Outono,

Ouso chamar-lhe assim…
A sua missiva desabafo, encontrou eco nas minhas memórias, de momentos também por mim vividos, com um amor amigo, num passado tão recente…
A pretexto de descansar um pouco, fiz uma paragem a meio da viagem de cerca de trezentos quilómetros… estacionei o carro, abeirei-me da sombra fresca dos salgueiros à beira rio, sentei-me na relva e, continuei a leitura do livro oferecido por esse amor.
Bem perto, as fataças saltavam na água, quebrando o silêncio reinante…
A sua missiva "martela-me" o pensamento e desconcentra-me na leitura… desperta em mim, uma surpreendente necessidade de escrever; dou por mim a salivar o sabor do gelado, misturando-se os seus sabores aos meus, de morango e limão…


… sentados na areia, no calmo prazer das conversas e descobertas adolescentes, tendo por companhia um céu azul e tanto mar… depois nos lameiros junto ao rio, os desejados beijos e os seus abraços fugidios.
Agora estremeço e arrepio-me, com a lembrança dos leves toques e, o doce apertar de mãos, dos sussurros ao meu ouvido, no escurinho do cinema, de cujo filme nem lembro o nome, os nossos rostos tão próximos, à distância do beijo acontecer…
… e a agonia que senti na hora de lhe dizer adeus…


Um dia, talvez já velhinha, aquando das primeiras brumas outonais, hei-de conhecer essa sua ilha do farol…


… e enquanto permaneço na angústia das esperas, digo também;
- Amo-te tanto… até já!


Deito um último olhar às águas, respiro a calma deste lugar e, sigo viagem…

C.

Nota: Outono, obrigada p'las ondas de emoção, que nos faz sentir, quando lemos o que escreve.


O meu obrigado, pela partilha.

OUTONO - 2009



terça-feira, abril 28, 2009

Carta saudade...



gentileza da NET

ONTEM...deitei-me tão feliz!

O nosso encontro, decorreu como gota cristalina, no percurso da queda da flor, até à macieza da relva do jardim.

Dei-te a mão e, recusaste...porque querias ser abraçada...

Sorri e, calaste-me com um beijo ofegante, onde apenas os olhos fechados, não testemunharam o fulgor do enlace.

ONTEM, mais uma vez, consegui libertar-me das amarras deste peso laboral e, por horas...minutos na nossa consciência, fomos o par de miúdos premiados com a descoberta do verbo amar...

Depois, vieram as eternas "dúvidas"...

Dúvidas, dizes tu, vagares de olhar horizonte...digo eu.

Decorrido tanto tempo, ainda me perguntas com esse olhar cor de alfazema... - Se te amo?

"Zango-me" contigo, na delicadeza de fechar a mão na tua e, apertar-te, quase como "castigo"...e respondo na mais pura mentira... - NÃO!

Beliscas-me na cintura, colas-te ao meu peito, mordiscas-me a boca...e, segredas-me...enquanto me desmanchas provocadoramente os cabelos:

- REPETE...atreve-te...diz-me outra vez ... - NÃO!

Quase louco, não fosse o local público...respondo-te "com falta de ar"... - NÃO...não sou capaz de amar-te...senão em crescendo...

Apertas-me a cintura, com os teus finos braços e, exclamas um "MALVADO" doce, enquanto a tua anca onduleia ... devagar.

Largamo-nos, como se necessitássemos de respirar...face ao mergulho louco e fundo do nosso passear.

Recordo-te nestas palavras...hoje...já bem longe de ti, tentando manter-te frente ao meu querer. Esta vida de aeroportos, onde mal chegamos, partimos...molda-me o desejo de largar tudo e corrermos para a Ilha do Farol, onde só o cantar dos pássaros e o borbulhar das ondas, possa ser a única "poluição" do nosso viver.

Mais uma semana...quem sabe duas ou três, em que os dias são contados como calendário de prisioneiro.

Estou a escrever-te esta carta saudade ( não gosto do termo mail ), na gelataria do nosso segredo, onde acabo de cometer uma "gaffe"...que me corou.

Pedi o mesmo copo grande de gelado, com os nossos sabores...manga, cereja e menta com chocolate...e disse à empregada: - Duas colheres por favor...

Ela...interrogativa...sorri e diz: - Mas o senhor, hoje está só...

No meu pensamento, irrito-me contigo e pergunto-te: - Vês o que me fazes?

Saboreei a última colher do gelado...como se fosse o findar de mais um longo beijo do nosso amor...

Amo-te tanto...até já!

in- MOMENTOS ( by OUTONO) - 2009




quinta-feira, abril 23, 2009

Sedução...



...Jazz na Net


Um pensador, um dia escreveu:

- "Tudo acontece a dois."

Foi neste cruzar de ideias, que surgiu esta dança/poema,

As palavras soltaram-se, ao som do Jazz e, escreveram-se a dois pensamentos...
tão simples como um convite para dançar.

Danço-te...
No abraço
Liberdade
Do teu seduzir...

Seduzo ao de leve...
Dançando
Em compasso
De jazz
E sentir...

in - MOMENTOS ( by CLEO e OUTONO) - 2009


Obrigado CLEO!

sábado, abril 18, 2009

Luz manhã...



...numa manhã da NET

Sobre o parapeito da tua luz manhã
Sinto as gotas de orvalho do teu olhar
A frescura de campos verdes no teu abraço
E a ânsia de rios cristalinos da tua saudade...

in - MOMENTOS - OUTONO - 2007

segunda-feira, abril 13, 2009

Cada poeta...





...nos céus da Net

Cada poeta é um coral
Perdido de palavras soltas
No mar lá longe, sem igual
Ébrio de sedes envoltas.

Turva é a saudade encanto
Olhos lágrima num gotejar
Caída no rascunho manto
Sofredora pelo sol no acordar.

Frágil luar, singular princesa
Ousadias, gostos e incensos
Ventos em cascata, dor acesa
Cores prometidas, signos imensos.

in MEMÓRIAS - OUTONO -
Rascunho não datado, nos céus de uma viagem intercontinental ...


sexta-feira, abril 10, 2009

Florir...



...gentileza da NET

Meu Amor de primavera seda...
Olho-te rendido ao teu perfume
E...preencho-te o colo convite
Com flores nascentes da cerejeira...

Lembras-te?
Todos os anos dançamos este calor, em gestos cúmplices,

até ao cair do fruto...

in MOMENTOS - OUTONO - 2005

domingo, abril 05, 2009

No rio incerto...




...encruzilhada da NET

No rio incerto da vida nevoeiro...
Há olhares e sombras, decisões e receios
Forças e quereres hesitantes... sós
Recibos tardios de inquietações precoces.

No sol de cada manhã nascida
Procuro uma leitura serena e solta
Onde matuto o furor do vencer
E acalmo a verdade trabalhadora.

No deitar de cada dia solavanco...
Compreendo melhor o rumo de ontem...
Mas continuo a perguntar sofregamente
Onde posso encontrar o equilíbrio de hoje?

Questões - By OUTONO - 2009

sábado, março 28, 2009

Olhos...com rima



...um olhar pela Net

Recebi um email curioso.
Em determinado momento, lia-se:

-"...não gosto de poesia sem rima, creio que ao ler poesia sem rima,
falta-lhe algo precioso, métrico e sedutor.
Meu caro OUTONO, não o conheço. Mas admiro a sua escrita. Vejo mesmo em si, um bom talento poético. Permita-me, gostaria de desafiá-lo a fazer "um só" movimento de poesia com rima.
Grata pela atenção dispensada

M.F.T. "

Confesso, que hesitei na resposta. Poderia simplesmente repetir alguns gestos poéticos (com rima), escritos entre viagens, indecisões ou até momentos próprios. Optei, por criar uma resposta com rima. Não foi fácil... em soneto, a arte, que mais admiro no propor poesia.


OLHOS ...COM RIMA

E se a sede dos teus olhos rimasse
Se o calor dos teus lábios fosse mel
Pedia-te o olhar ardente, se te amasse
E seduziria o teu jeito em voto fiel.

Desnudaria flores exalantes alfazema
Gritava-te rouco de pleno amor saudade
Deslizaria as mãos nos teus cabelos tema
Em carícias soltas tabus, com verdade.

Depois...o silêncio dos sibilos ardentes
Beijos doces contínuos da vida sensível
Olhares íntimos, sussurros tangentes.

E o respirar ofegante seguro e amigo
De um querer sempre retrato visível
No correr interior, amaria contigo!

in MOMENTOS (com rima ) - OUTONO - 2009

Minha cara M.F.T.

Desafio aceite e publicado. Também gosto de poesia com rima...e prometo, se a métrica da vida me deixar, rimar amiúde, com as ondas da minha imaginação, em marés seguras e sóis a perder.

O agradecimento é meu.

OUTONO

terça-feira, março 24, 2009

Seria um prazer...



...nos mares da NET

Como eu gostaria de passar uma tarde à beira-mar e...
pensar, que a beleza da vida... é como o beijar das ondas!

in - PENSAMENTOS - 2009

quinta-feira, março 19, 2009

PRIMAVERA....

...algures na net

PRIMAVERA

É Primavera agora, meu amor !
O campo despe e veste de estamenha;
Não há árvore nenhuma que não tenha
O coração aberto, todo em flor !

Ah! deixa-te vogar, calmo, ao sabor
da vida...não há bem que não nos venha
Dum mal que o nosso orgulho em vão desdenha!
Não há bem que não possa ser melhor !

Também despi meu triste burel pardo,
E agora cheiro a rosmaninho e a nardo
E ando agora tonta, à tua espera...

Pus rosas cor-de-rosa em meus cabelos...
Parecem uma rosa! Vem desprendê-los !
Meu Amor, meu Amor, é Primavera !...

in - SONETOS - Florbela Espanca

...no meu canto de silêncio, onde escrevo e medito, sorvo este dizer da mulher encanto num final dum dia qualquer...com sabor de pétalas Primavera ainda por nascer...mas perto do rio jusante de espelhos luz e, luas sementes no mar reinado da princesa Vida...

OUTONO...preâmbulo ...2009

domingo, março 15, 2009

No traço do caminho...



...gentileza da NET

" ...no traço do caminho...há uma vereda soalheira, por entre verdes frescos e, flores silvestres de odores chamativos."

Um dia escrevi e publiquei, no meio de uma longa viagem, este pensamento.
Hoje...altero apenas uma palavra e, a VERDADE mantém-se.

" ...no traço do caminho...há uma AMIZADE soalheira, por entre verdes frescos e, flores silvestres de odores chamativos."



...gentileza da Net

in MOMENTOS BONS - OUTONO - 2009






sexta-feira, março 13, 2009

13 de Março...

13 de Março...
a meio do Séc. XX
dizem-me...terça-feira...

- A terra tremia em Espanha, aumentava o surto de gripe em Angra do Heroísmo e, a aeronáutica portuguesa unia sete países num voo.

- Eu ...por aqui em Lisboa, agitava-me na louca tentativa do primeiro choro...




(esta expressão ...era um adivinhar de crises...)

13 de Março
inícios do Séc.XXI
confirmo...sexta-feira...

Quero continuar a dizer presente, no acordar de cada dia...até ao por do sol.

Agora tenho uma data de velas para apagar e um bolo para repartir...



Até já...