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sexta-feira, janeiro 30, 2009

Partilha...

Há surpresas, que nos deixam ...a meditar. Não resisti à tentação e, com os devidos direitos autorais respeitados, partilho neste Blog, uma atitude da minha filha mais nova (quase doze anos).
A medo, telefonou-me cerca das vinte horas. Perguntava-me se eu iria jantar. Confesso, que não é a primeira vez, que sou obrigado a desculpar-me, por razões profissionais..."mea culpa". Mas ela entende, que o trabalho do pai, muitas vezes, não tem horários. Perguntei-lhe se tudo estava bem...disse-me que sim...
Quando cheguei a casa, passava um pouco da meia-noite e, ainda tinha algum trabalho para realizar...
Uma torrada, um copo de leite...e quando me sento na secretária...um pequeno livrinho artesanalmente feito, "escondia" dez pequenas histórias...e uma nota carinhosa:

- Se tiveres tempo, lê estes contos...depois diz qualquer coisa. Estive a pensar....e ser escritora também pode ser uma profissão. Beijinho. Até amanhã.
M.

Li todos os contos...com muita emoção ...e tive mesmo de limpar os óculos, porque ...acontece!
De todos os contos, escolhi este...não por ser o melhor,mas pela escrita tocante...




O DIÁRIO DO CÃO "RUFOS"

Era uma vez um cão chamado RUFOS.
O cão não tinha amigos e, vivia sozinho nas ruas.
Uma vez o RUFOS, encontrou um livro sem nada escrito.
O RUFOS achou estranho, mas não ligou muito...e teve logo uma ideia.
Pensou em voz alta:

- Este livro, pode ser o meu diário... e, começou logo a escrever.

Segunda, 15 de fevereiro de 19 ...
Querido diário. Hoje encontrei-te no meio da rua e, espero que me ajudes.
Vou contar-te um segredo. Eu não tenho amigos...excepto tu. Por isso, vou escrever-te todos os dias, a contar coisas da minha vida, para me conheceres.
Hoje, não fiz nada de especial. Andei à procura de comida, aqui e ali e, dormi debaixo de umas escadas. Amanhã, escrevo-te mais. Adeus!

O maior sonho do RUFOS, era ter um amigo com quem brincar...e o diário já era uma grande ajuda. Mas ele queria mais...queria um dono!
Um dia, quando acordou "à força"...estava numa gaiola. Assustou-se, mas felizmente tinha o diário consigo. Tinha ido parar a um canil !
Ficou muito assustado...e esperou o pior. Mesmo ao lado, estavam mais cães engaiolados como ele...
No dia seguinte, o RUFOS viu uma pessoa aproximar-se. Com medo, olhou para baixo...mas depois ouviu um menino dizer:

- Quero este...papá...


As portas abriram-se e, foram festas e "lambidas" até mais não. Tinha encontrado um dono. O seu desejo, o seu sonho era agora uma grande verdade. Mas nunca largou o seu diário.
O RUFOS foi para uma casa nova, onde lhe davam comida todos os dias, levavam-no a passear e quanto a miminhos...até eram demais. Às vezes queria dormir e, não conseguia por causa da brincadeira.
Apesar de agora estar muito feliz, continuou todas as noites a escrever no seu diário.
O RUFOS, foi um cão com muita sorte e, aprendeu uma grande lição:

- Nunca se abandona um amigo, quando se faz um novo!

in - Contos ( M. ) - 2009


terça-feira, janeiro 27, 2009

Conversas a sós...



quadro a óleo by DIVA PINHO

Caminhos tão cruzados de neves férteis
Brancos confusos de veredas corridas
Sombras de verdes vergados d'alma
Na volta do tempo marcado que teima.

O homem pergunta pelos porvires
No crescer dos solstícios agendados
Conhece-lhe os sons e o variar das cores
Afaga-lhe o declive da natureza e cisma...

Provérbios, são folhas de encargos feitos
Dizeres, lendas dos sábios versáteis
Cantos, pautas do natural tocar do vento

Hoje, amanhã...depois, conversas a sós
No labirinto crescente das teias do fado
Rugas, cansaços, mãos cheias "d'istórias"...

in - OLHARES ( OUTONO) - 2008

domingo, janeiro 25, 2009

E tudo o vento levou...



um...milenar eucalipto...

Próximo do meu retiro de inspiração, nas horas restantes do dia-a-dia, de baixo para cima...quase ritual, cumprimentava-o sempre com um piscar de olho (bem) invejoso...

Tinha mais de mil anos, deixava-se abraçar por mais de dez humanos e, era património florestal...dava pelo nome de (o meu) eucalipto

Hoje o nosso verde floresta, ficou mais vazio de ambiente e odores...

Mais de dez séculos derrubaste...
Milhões de sombras ofereceste...
Eras porte vivo da vida, que contaste..
Hoje, um pequeno sopro...e morreste !

um abraço deste Outono, que te viu partir...

in - MOMENTOS (OUTONO) - 2009