TRAVESSIA ( a publicar )
- José Luís Outono -
... nos dias, que clamo por uma clareira do teu olhar,
banham-me ideias de bosques semeados com livros,
dos teus pensamentos sazonais e disformes.
São imagens fulgurantes de nadas, onde até o pó amontoado
de destinos despidos, consegue uma cotação, quase verdade,
numa soma de presenças ditas fiéis.
Tento arrumar os passos das tuas dissertações,
meras notas de uma sebenta descontinuada
e, atrevo-me a escrever um título - Os olhos também mentem.
Tento e, não tento balbuciar o sermão típico do éden,
que esboças como manjar sublime
em coroações de alentos feitos consagração...tua !
Alinhavo somente um bem estar de agonia frágil,
tentando compreender essa vontade de quereres aparecer,
nas primeiras páginas de um diário ainda sem prelo.
Nada a fazer, quando o brotar dos sons do velho mar
segredam enseadas da tua cumplicidade vazia,
de uma noite apaixonada, para ti, apenas um ciclo quente.
Reclamo só, em surdina, aos fantasmas dos meridianos ocultos,
que não tragam trovões, nem sereias desnudas,
ou castelos do fundo ameno da terra mar.
Amar, é um verbo apenas conjugado
na primeira pessoa do presente do indicativo,
sem passado, futuro ou inútil condicional.
...e, mesmo esse enredo gramatical, já nem é "procurado".
in MOMENTOS - José Luís Outono - 2013 ( a publicar )
(ao abrigo dos direitos de autor - S.P.A. 106402)
8 comentários:
Tudo se move
até as águas
na sombra das pontes
Abraço
Bela poesia... Ainda bem que Vouzela o inspirou para esta bela criação.
Adorei a apresentação do seu livro, e estou a adora lê-lo.
Notas descomprometidas para um grande poeta:
1- Inútil achar que uma poesia sua só é lida uma única vez;
2- Após algumas incursionadas, é razoável fechar os olhos e ouvir o Godinho, uma, duas, quatro, cinco vezes;
3- Depois, atentamente, observar as fotografias: primeiro, um arco (?), um aqueduto(?), um oleoduto(?), história viva; depois deixar o olhar passear pela fotografia seguinte, uma luminária em que a luz da esquerda não acende, intencional? Ou a esquerda está mesmo queimada, apagada, em todos os sentidos?
4- Volta-se o cursor para o início da página e faz-se a leitura silenciosa do poema, outra vez;
5- Que o presente do indicativo do verbo amar, possa ser conjugado na primeira pessoa do plural;
6- Ou então que esse tempo, esse sentimento que explode versos, seja sempre a razão da qualidade da sua poesia, a atravessar mares & oceanos.
Belíssima, como sempre!
Bela poesia e fotografia...Espectacular....
Cumprimentos
MAR ARÁVEL
...fantástica verdade, amigo!
Abraço!
TÂNIA
Que surpresa agradável...
Bem-haja, pela palavras. Volte sempre!
Um abraço!
CANTO DA BOCA
Não sei comentar...confesso-me emocionado e grato...MUITO!
Abraço!
FERNANDO SANTOS
Um grande abraço...amigo!
Enviar um comentário