
-Terraços de Lisboa-
by OUTONO- 2010
Fotografia publicada no livro
"OLHAR A URBE"
Chiado Editora
Brinco com as palavras no acaso do dizer-te...
Nos ventos de olhares cruzados ao escrever-te
E sinto os lábios mordidos e "doridos" no fresco beijar-te
Nas manhãs que nuncam chegam ...ao viver-te
Nas noites repetidas de desejos que não me acontecem-te
Nos hiatos das sílabas soletrantes...que se ficam-te
E nos caíres de braços ocos...no mundo nosso falindo-se!
... ... ...
Entre "ses" e "tes"...há léxicos sem pontuação
Sem regra gramatical...sem conjugação própria
Sem estrada redactorial de portagem conseguida.
A flor da berma....saudade de caminhares unos
Floresce ainda no solstício de cada pétala dia
E o pinheiro ainda abriga a caruma resistente
Apesar do poço seco do azul contraste
Agora reflexo pequeno da imagem cristal
De uma gota de água...onde nem uma lágrima
É cristal de apelo...ou acto jardim sedução
Cereja nova carnuda...degustação continuada...
Brinco ainda com as palavras neste realizar
Sonho talvez...forma criança...velejar forte
E olho o sol....que me fere a esperança prometendo-me ...
E beijo o horizonte...que me esconde a verdade
Num construir...só de notas soltas....em colcheias
De pautas feitas...mas vazias de sinfonias margem
Onde a batuta....se quebra...o silêncio agudiza-se
A sonoridade agrava-se...no acústico dorido desnorte.
A criança abre-me o peito...salta para o pátio da chama
Belisca-me a alma em truque de magia ...aplauso simples
Puxa-me a orelha no segredar titubeante de canções nossas
Agride-me os cabelos...agora soltos e grisalhos das viagens vida
Insinua-se...em dança de ventre infantil...qual bolero crescente
Rabisca-me ordens...sem ordenamento....nos mapas sem definição
Pergunta-me como...sem saber como ...no começar gaguez
Diz-me ouvir-me....no desgoverno do meu crú sopro almejo
E deita-se cansada...o dia fora curto...a vontade enorme...
Mas o livro não se escreveu ainda e nunca com a palavra concordata.
No regresso adentro deste corpo albergue de dores
Até ela criança...reclama...que viver sem nascente
É como foz virtual...de um telhado não abrigo...
O ciclo...repete-se...em cada molhe de um porto
Encalhe de ondulação assimétrica...e pensamento sem carícia
Onde um riso figurado em encolher de ombros cúmplice
Derrota o encanto do velho senhor do mar...
Antiquado sabedor de marés e rugosa presença sem destino.....
in - momentos - by OUTONO - 2010

-Eléctrico de Lisboa-
by OUTONO- 2010
Fotografia publicada no livro
"OLHAR A URBE"
Chiado Editora