
Bebi no teu sabor solstício primaveril
A fome que matou a invernia deste olhar
De gritar rouco, pelos poros borbulhantes
Navios de cartas labiais sôfregos e sós.
Penetrei ousado no teu júbilo de ser
Senti-o conjugar sextilhas enamoradas
De flores com jardins de pólenes carnudos
Em leirões de ânsias crepitantes e únicas.
E o suor é perfume que depura o interior
E os olhos são infinitos de cores a explorar
E a boca morde-se em rios de pétalas húmidas.
Sobra apenas o minuto de ontem esfumado
Hoje cativo de juros sem métrica e modelo
Porque escrever é insuficiente para este (a)mar.

in MEMÓRIAS - by OUTONO - 2009