Despi-me de atitudes
Voei no teu olhar terno
E doei-te um manto azul
No frio quebrado
Do teu corpo entregue
Até à alvorada foz.
Desafiaste o colorido
Da quietude embalo
E cinzelaste o momento
Como árvore sôfrega de fruto
Como vereda ansiosa de caminho
Como rio sem margens insaciável.
Hoje aviva-me apenas o pontão
Onde mondaste olhares e carpires
Químicas alteradas corporais
E escreveste nos lábios procura
Quase testamento uniforme
Um beijo hoje não é sinal de amanhã!
in MEMÓRIAS - by José Luís OUTONO - 2011