Pátio SoalheiroA pintura de Jackie Simmonds
O ENCONTRO...Na soleira fria da porta
Por entre flores nacaradas e gotejantes
Vi-te chegar, como sempre...
Mulher feliz de sorrisos cúmplices
E olhos tamanhos, secos de sede fulgor.
***
A tua saia rodada florida
Fazia sombra na lage ocre rosada do tempo
E as floreiras cheias de zelo jardim
Caíam assimétricas da parreira secular
E dançavam a valsa da brisa nocturna
Enquanto eu te agarrava nas mãos
E matava o desejo de uma tarde fim de semana.
***
A noite cumpria o ritual lento no crepúsculo
E os grilos cumprimentavam a Lua...
Enquanto o coaxar de alguns anuros fazia eco
No escuro do ribeiro de limos verdes.
***
Dentro de casa, a lareira acesa por capricho
Crispava estalos marcados no compasso do fogo...
O encontro anuía-se, por olhares sóis de querer...
E perdia-se o tempo da vontade , pelo saber da hora.
A madeira velha das janelas vitral
Deitava um perfume de verniz velho...
Onde os teus cabelos encostavam e os teus dedos...
Simulavam a moldura do portão da herdade...
Com vontade de não sair.
***
A Lua pequena e matreira
Dizia-se loba e arrogante...
Com sopro de conselho, para olhar...
O último olhar acordado...
Enquanto o fumo da chaminé anunciava...
Silêncio...!!!
O Amor segreda-se!
in - POEMAS - (OUTONO)
2000