
De olhos ainda vendados pelo cansaço...
Olho no escuro desta sensação de nada
As forças que ainda aforro, para acordar
Para dizer: - bom dia à lágrima... que teima ...
Descalço...olho o chão onde vagueia a mente
E lembro-me das sombras medo da meninice
Hoje...fantasmas presentes em analogia
Dos negros véus, que cobrem as esperanças...
No canto deserto da sala....que já foi aplauso
Aprecio o canto do relógio de cuco rouco
E conto os segundos dos primeiros minutos
Das horas que vou passando sem estar...
Nem aceito o convite do livro para ler
Nem aceito o beijo do café matinal para ser
Nem aceito o grito da velha amiga para escrever
Nem aceito o agrado de estar vivo....sem viver...
A vida, nestes três tempos de versos inúteis
Ontem nascida...hoje vivida...quem sabe ...
Amanhã finda d'ontem em comunicado pobre
É um cair de ciclo...como o renovar da sede...
Sinto as forças gozarem com a minha vontade
As árvores crescerem em oposição ao jardim
E as estradas percorrerem-se em contramão
Na injustiça de pensamentos fáceis em dano...
Dolo...cascata de sentires oblíquos e sós
Onde o sorriso é condenação de grito verdade
Onde pensar doce foi já momento que esqueceu...
E olho-me...neste sentir ... triste... e ...eu?
