
Serra de Montejunto
Recordo-me deste lugar...
Como se o vivesse agora !
O velho caminho, por entre aloendros
E as pedras marcadas da saudade...
Fazem-me sonhar nos tempos...
Em que os tempos demoravam
E a mocidade agitada vivia.
Lembro-me ainda, do velho poço
Com malmequeres e urze ao redor
Espaços salpicados de hortelã bravia
E a água no fundo murmurante
Em pedras rasgadas de trabalhos rurais.
Vejo ainda a eira da minha dança
E os madrigais sonoros do canto
Tecedor de rimas e populares galanteios
Cantados às moçoilas rosadas de encanto
De mangual ao ombro e flores no lenço.
Como era bom este viver calmo
De romance feito e acasalador
Do dia sempre fresco e noite flutuante
Na beira de leirões pedregais
E olhar um céu infinito estrelado.
Era o acto da palavra sonolenta
E um escutar de cantares natureza
Numa respiração funda de imensos ais
Cheios de pureza a terra orvalhada
Calmantes da agitação do dia soalheiro.
Mato saudades, nesta escrita retrato
Deste lugar chamado ontem...
Do verde e azul manto...só meu
Quase a apetecer gritar ecos céleres
A pedir tempo passado, presente e sempre!
in- POEMAS (OUTONO) 1998
Do verde e azul manto...só meu
Quase a apetecer gritar ecos céleres
A pedir tempo passado, presente e sempre!
in- POEMAS (OUTONO) 1998