...algures na Net
De pé, olho as prateleiras de livros convite...
Nas lombadas, revejo títulos e sugestões...
O dia...mais um, trouxe-me um cansaço igual a tantos...
Escolho este...
Leio uma página, mais outra...e ainda outra...
Largo a leitura e debruço-me na escrita...
...algures na Net
Encontros...sensações de mundos diferentes
Sociedades de costas voltadas ao diálogo
Propagandas inúteis de cartazes frívolos
Ideologias matraqueadas na sugestão...a perder
"Istórias" de montanhas e açudes longínquos
Filtros de culturas convenientes em saldo
Títulos em queda...e em sobressaltos
Geografias alteradas em confrontos absurdos
Ditaduras climáticas inventadas pelo homem...
Desertos de invenções fúteis...
Momentos - OUTONO - 2008
Descanso a caneta...e abrigo-me na viagem do poema...
...quadro - Recanto em Montmartre - Paris
Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de aquem e de Além dor!
É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!
É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!
E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!
in SONETOS - Florbela Espanca