A pintura de Jackie Simmonds
O ENCONTRO...
Na soleira fria da porta
Por entre flores nacaradas e gotejantes
Vi-te chegar, como sempre...
Mulher feliz de sorrisos cúmplices
E olhos tamanhos, secos de sede fulgor.
***
A tua saia rodada florida
Fazia sombra na lage ocre rosada do tempo
E as floreiras cheias de zelo jardim
Caíam assimétricas da parreira secular
E dançavam a valsa da brisa nocturna
Enquanto eu te agarrava nas mãos
E matava o desejo de uma tarde fim de semana.
***
A noite cumpria o ritual lento no crepúsculo
E os grilos cumprimentavam a Lua...
Enquanto o coaxar de alguns anuros fazia eco
No escuro do ribeiro de limos verdes.
***
Dentro de casa, a lareira acesa por capricho
Crispava estalos marcados no compasso do fogo...
O encontro anuía-se, por olhares sóis de querer...
E perdia-se o tempo da vontade , pelo saber da hora.
A madeira velha das janelas vitral
Deitava um perfume de verniz velho...
Onde os teus cabelos encostavam e os teus dedos...
Simulavam a moldura do portão da herdade...
Com vontade de não sair.
***
A Lua pequena e matreira
Dizia-se loba e arrogante...
Com sopro de conselho, para olhar...
O último olhar acordado...
Enquanto o fumo da chaminé anunciava...
Silêncio...!!!
O Amor segreda-se!
in - POEMAS - (OUTONO)
2000
30 comentários:
Lindíssimo poema... Memórias de um Outono, já no novo milénio! És um Outono poeta, um Outono que convida à reflexão, à luz de uma lareira de uma cabana de madeira!
Passei para te dizer que voltei. Volto amanhã, ou depois, para ler os outros post que já me encantaram com as palavras que os coroam.
Beijinhos cheios de Amor, Paz e Luz!
UFFFFF
Sem fôlego!
Adorei o estilo subitamente sincopado de algumas frases
E as palavras que parecem não ligar mas ligam no quadro que pintas
Gosto...
Gosto..
Cheira a Alentejo!!!!!
Mulher feliz de sorrisos cúmplices
E olhos tamanhos
Fazia sombra na lage ocre rosada do tempo
Enquanto eu te agarrava nas mãos
E matava o desejo de uma tarde fim de semana
O encontro anuía-se, por olhares sóis de querer...E perdia-se o tempo da vontade , pelo saber da hora
A madeira velha das janelas vitralDeitava um perfume de verniz velho...Onde os teus cabelos encostavam e os teus dedos...Simulavam a moldura do portão da herdade...Com vontade de não sair.
É tão bonito................
Palavras cristalinas e transparentes revelando bem o teu sentir na altura em que foi escrito, bonito poema temperado com pinceladas de duas artes numa só! Muito bem amigo, um forte abraço!
Eh eh eh eh Cleo, como é que descobriste que é no Alentejo?!
Esqueci-me de dizer que quanto ao nível, é excelente. A Cleo tem razão.
Só não sei se é no Alentejo. ;)
Vim propor-te um desafio...
Será que aceitas?
Mas não resisti a ler-te...
"O amor segreda-se!"... Perfeito!
Espero por ti
Bjs
basta sussurrar-te o nome para fazer um poema
olhar os teus olhos para dizer o quanto te sei
sentir a tua pele onde sempre me queimei
e só, fechar os olhos com teu cheiro de alfazema
abraço
E por entre as palavras ditas e não ditas...ficou a vontade de permanecer aqui "Com vontade de não sair"!
Lindo como sempre!
Beijo suave
Pecador, eu conheço o Alentejo só de o ler.
"O amor segreda-se"! Sem palavras amigo Outono, sem palavras!
"Todas as prendas que me deste, um dia,
Guardei-as, meu encanto, quase a medo,
E quando a noite espreita o pôr-do-sol,
Eu vou falar com elas em segredo ...
E falo-lhes d'amores e de ilusões,
Choro e rio com elas, mansamente...
Pouco a pouco o perfume do outrora
Flutua em volta delas, docemente ...
Pelo copinho de cristal e prata
Bebo uma saudade estranha e vaga,
Uma saudade imensa e infinita
Que, triste, me deslumbra e m'embriaga"
Adicionei-te o teu blog aos que leio e apresio...
Serás sempre bem vindo (a)
Gostei! Gostei mesmo deste poema.
Bejinhos.
ANGEL
Volta sempre, o agrado será seguramente meu. Um obrigado "luminoso" pelas palavras bonitas, que fizeste o grande favor de me ofertar.
Um beijinho agradecido.
CLEOPATRA
Quem diz UFFFFF!
Sem fôlego!!!!
Sou eu!
As tuas palavras também são poesia, no agrado da minha leitura.
Confesso, também gosto muito deste momento de inspiração, que me ocorreu em pleno Alentejo - Alter do Chão. Acertaste. Magia!
E o estilo, que referes, foi-me ensinado por um grande mestre das nossas letras, infelizmente já desaparecido. Teimava em dizer, que temos de agarrar o leitor, por isso torna-se necessário provocar-lhe interrogações...
Quanto ao resto da escrita, revelo, que esta herdade existe, a Mulher feliz também, e a latada forrada pela parreira, ainda hoje dá belíssimas uvas. Ressalvo, que não detenho nenhum lado afectivo dos pormenores citados.
Um beijo
EDUARDO
Para mim ser amigo, é viver sempre o outro lado da amizade. Entendeste na íntegra, o relógio do tempo, quando escrevi esta "paixão" ( porque não dizê-lo?).
Obrigado pelo abraço de apoio, que
retribuo.
PECADOR
Obrigado pelo Excelente no comentário...já agora, é Alentejo puro. E apesar de não ser Alentejano, é lá que me refugio e descanso...por vezes.
PERLA
Perfeito comentário, pefeito desafio, ao qual já correspondi...
espero ter ido ao encontro do segredo!
Beijinho
PIN GENTE
Gosto de ler-te!
Obrigado pelo cheiro a Alfazema, que adoro.
Um beijo
NAELA
Podes ficar o tempo que quiseres.
A casa é tua, e a minha amizade também.
Obrigado pelo teu brinde e beijo suave, que retribuo.
XINHA
Amiga, sem palavras fico eu, perante os teus mimos. É bom tê-los, ninguém duvida, mas senti-los como abraços fortes, é uma sensação de orgulho. E já que gostaste do termo . - O amor segreda-se....vou dizer-te um segredo...xiu....calma...gosto muito de te ter como leitora, porque também sou assíduo e apaixonado leitor da tua mansão de encantos múltiplos.
Beijinho xinoca.
MARTA
Que linda prenda, e não faço anos.
Fiquei em silêncio...
Obrigado. Um beijo doce.
CLARA
Gosto muito deste nome. Mas gostei mais do elogio da dona deste nome.
A tua repetição ...só pode ter um significado para mim...tenho de repetir os actos de escrita, que tento neste Blog.
Um beijo.
Bonito poema!
Com cheiros quentes de Verão!
Jinhos
Olá Aran
Sabes...retratar através das palavras...é um diálogo interessante.
Tento sempre, por entre pormenores da vida, destacar os momentos da minha paixão.
Este foi um deles...conseguido no início do Outono. Pouco importa a estação...
Beijo.
Vim conhecer teu blog, atraves de blog da Naela, gostei bastante, viu, a imagem é linda e a poesia e emocionante!
Liz
Adorei este amor sussurrado repleto de beleza
beijos
(...) Lua pequena e matreira
Dizia-se loba e arrogante...
Com sopro de conselho, para olhar...
O último olhar acordado...
Enquanto o fumo da chaminé anunciava...
Silêncio...!!!
Lindo este teu poema...convida a ficar...a ler, reler ao som da tua música linda.
Jinhos
..."O Amor segreda-se!"
Cala-se, canta-se, grita-se, vive-se, recorda-se...
Dizem que recordar é viver, sim, também é! E recoradr o Amor, só pode acrescentar...Encantam-me todas as expressões do Amor!
E alguns de nós, fazem-no tão bem!!!
Abraço muito terno
BIA
Desculpa a gralha na palavra recordar...
Sou muito impulsiva...e envio sem verificar os erros ortográficos!!!
BIA
O Amor segreda-se!......... e não é que se segreda mesmo...
Amei de paixão esta tela de vários onde a cumplicidade da palava e dos sentires está bem presente.
A saia florida fez-me lembrar uma dança na qual eu fui poema.
Um beijo doce
Que lindo Poema numa noite enluarada Outono...Passando pelas floreiras a saia floral!Q belas imagens vi daqui de minha janela...E por falar em imagem...Belíssimo quadro que enfeitou o poema perfeito,imagem e palavras!
Beijos
" Silêncio...O amor segreda-se!"
Os olhos brilham de bem-querer partilhado.Poema de ternura e cor.
Beijo carinhoso.
a beleza permanece...apenas para te desejar um bom fim de semana...prolongado também nas coisas boas
beijos
LIZ
Que bom, a tua visita, através do Blog da Naela. A mizade, ainda bem, multiplica-se. E as tuas palavras tocaram-me. Com tempo irei visitar o teu cantinho...ao qual já dei uma vista de olhos...o tempo não abunda...sabes?
Um beijinho.
CARLA
A tua regular presença e subidos elogios, preocupam-me...
Sou um pobre escritor....ou melhor fotógrafo de momentos bonitos que traduzo para a escrita.
Um grande beijinho, pelas tuas palavras. Mal regresse (estou fora de Portugal), irei visitar-te.
MARIA CLARINDA
Fica o tempo que quiseres. O agrado é todo meu.
Um obrigado muito especial.
Beijo.
BIA
É isso mesmo, o amor só é único, para cada um de nós...e imenso para todos nós.
Quando dizes:
"Cala-se, canta-se, grita-se, vive-se, recorda-se..."
Revelas uma sensibilidade muito doce.Ainda bem!
Beijo com ternura.
ANA LUAR
O amor segreda-se...escrevo, a amizade mantem-se...dizes, e não esqueces:
"A saia florida fez-me lembrar uma dança na qual eu fui poema."
E ainda és !
Beijo saudoso, porque estou longe, doce...porque é a cor do poema!
MARIA DIAS
Mantém , por favor, essa janela aberta e deixa entrar as brisas de Outono.
Beijo muito amigo.
MARIPA
Tão lindo o seu doce comentário.
Retribuo a sua ternura num beijo muito especial e amigo, com um abraço de poesia.
CARLA
Obrigado pelo desejo, e pelo encantamento da beleza colorida.
Espero chegar a tempo, para te oferecer uma flor.
Beijo.
Em certos momentos o silência é a melhor das respostas mesmo... e com tanto amor, para que palavras?
Um belo fim de semana está por mim... aproveite, ame, delicie-se!
:*******
li de empreitada...e sorri!
na sua escrita há emoção...
tenha um excelente dia 25 de Abril
um sorriso largo ;)
Olá ...olhar bonito!
O silêncio do amor, pode ser o mais a maior e efervescente declaração de amor...
Cada caso, cada amor, é um caso...é uma forma diferente de amar...
Um beijinho doce.
Olá Mariam...
...de empreitada?
Gostaste???? É o mais importante.
Volta sempre!
Beijo.
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