Esqueci-me de dizer-te...
Que hoje iria ficar à tua espera!
... ... ... ... ...
Vagueei pelos horizontes da saudade...
Encontrei flores secas do teu mundo
E folheei uma a uma as folhas do teu segredo...
Hoje...amanhã...depois...
Era sempre assim que começava o desejo do teu olhar.
... ... ... ... ...
Percorria palavras simples
Para te dizer céus de azul...
E escondia medos e dúvidas
Das noites esquecidas
De afectos perdidos
E murmúrios por dizer.
... ... ... ... ...
Caminhava ao encontro dos teus olhos...
Segredava no teu corpo os prazeres únicos...
Do momento ímpar...
Depois...só depois...dizia-te...
Amar com amor...
E selava nos teus lábios a entrega do sol quente...e lua agitada.
... ... ... ... ...
Todas as palavras eram futuros longínquos...
E sabíamos que o momento não era ali...
O dia acabava sempre de braços caídos...
E perguntas de porquês infinitos.
Olhava-te na despedida de uma esperança nua...
E sentia o sabor da tua boca fresca.
... ... ... ... ...
Anulávamos distâncias...
Corríamos montanhas agrestes...
Torturávamos projectos adiados...
Gritávamos quereres e dizeres cravados de lágrimas...
E caíamos abraçados numa paz boa, mas frágil.
... ... ... ... ...
Era o recomeço do enleio...
No jardim de flores macias...
Onde os nossos corpos se colavam e perpetuavam juras ...
Envoltos nas pétalas de seda
Entre abraços envolventes
E cabelos soltos e ondulantes...
... ... ... ... ...
As palavras secavam o rio das paixões
E acabávamos extasiados e felizes.
Depois, vestíamos a esperança
Com o arco-íris da certeza...
E com os corpos molhados
Pela cacimba do nosso amor...
Apertávamos as mãos até a dor marcar
E dizíamos muito suave...
Até amanhã...amor?
POR VEZES,
HÁ UMA NECESSIDADE
DE ESCREVER...
José Luís Outono
(ao abrigo dos direitos de autor - S.P.A. 106402)
My music...
https://youtu.be/IhAFEo8DO2o
domingo, março 23, 2008
PRIMAVERA
in "Poemas" -OUTONO - 1974
(escrito na Primavera/74, no decorrer da guerra colonial - GUINÉ)
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11 comentários:
Amigo Outono,
Mas que beleza de versos! É assim...Amar com AMOR...E com que sensibilidade e maestria narraste poeticamente! Adorei.
Dei uma rápida escapadela, mas cheguei a tempo de te deixar beijos achocolatados, recheados de ternura.
Amiga
Fiquei derretido...para além do chocolate recheado de ternura, das palavras com que me honras.
E é assim...com amor...e amigos que o Blog vai "pulando"...
Um doce e amigo beijo.
Outono
Gostei. Muito.
Gostei muito deste poema. Que AMOR, que DELICADEZA.
Vou continuar a "deliciar-me" por aqui.
Beijo
Olá Cleo
Esse elogio, vindo de si, marca-me.
Recordo-lhe apenas, que era na escrita...que me vingava...no decorrer da guerra estúpida do ultramar. Recordar, esses momentos...é doloroso, mas a escrita suaviza e não imagina como me ajudou a superar esse clima.
Outono
Olá Manuela
Nome bonito. Da minha recordação uma música de Pátxi Andion (creio que se escreve assim) maravilhosa.
Está à vontade. Ah ! e pode fotografar...(sorrio).
Outono
percorremos os trilhos do prazer...nos momentos únicos das tuas palavras
passei para deixar doces amêndoas virtuais e deliciei-me com este poema
obrigada pela partilha
beijos
Una historia más de guerra.....
Patxi Andion.
Lembro-me bem.
Um beijo
Olá Carla
percorremos os trilhos do prazer...nos momentos únicos das tuas palavras
Que bom "ouvir" o teu comentário.
Antes de te responder...li-o vezes sem conta. Parece-me familiar e distante.
Um beijo...adocicado pelas tuas amêndoas...
Volta sempre
Outono
Anda cá! Não temas... senta-te aqui À minha beira.Deixa-me dizer-te devagar... devagarinho... shhhhh
Não acredito que tenhas esquecido!
Esperaste propositadamente pk sabias que eu viria disposta a revelar alguns segredos… a fazer-te relembrar que os afectos não se perdem, simplesmente adormecem.
Provocas a minha ousadia, para que este rio encantado não se esgote… e eu provoco-te a um poema inventado pelo tempo… onde a lua tem sempre um pretexto clássico de se fazer escrever…
Até amanhã………………… espero-te, na mão terás de levar um poema ousado, para que a lua se aconchegue na madrugada dos pardais. ;)
Beijos mil... em ti
Ana
...já cá estou...mesmo aqui
...não pares, quero continuar a ouvir palavras doces, e carícias brilhantes dos teus olhos cor de água cristalina...
Nunca digas até amanhã...vive sempre o hoje...e deixa-te seduzir pelas nuvens, como enleios de algodão doce, no jardim aromático de alfazema...
Anda...dá-me a mão...vamos apanhar a lua...
Beijos
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