quinta-feira, junho 03, 2010

Apenas um momento...



-Terraços de Lisboa-
by OUTONO- 2010
Fotografia publicada no livro
"OLHAR A URBE"
Chiado Editora


Brinco com as palavras no acaso do dizer-te...
Nos ventos de olhares cruzados ao escrever-te
E sinto os lábios mordidos e "doridos" no fresco beijar-te
Nas manhãs que nuncam chegam ...ao viver-te
Nas noites repetidas de desejos que não me acontecem-te
Nos hiatos das sílabas soletrantes...que se ficam-te
E nos caíres de braços ocos...no mundo nosso falindo-se!
... ... ...
Entre "ses" e "tes"...há léxicos sem pontuação
Sem regra gramatical...sem conjugação própria
Sem estrada redactorial de portagem conseguida.

A flor da berma....saudade de caminhares unos
Floresce ainda no solstício de cada pétala dia
E o pinheiro ainda abriga a caruma resistente
Apesar do poço seco do azul contraste
Agora reflexo pequeno da imagem cristal
De uma gota de água...onde nem uma lágrima
É cristal de apelo...ou acto jardim sedução
Cereja nova carnuda...degustação continuada...

Brinco ainda com as palavras neste realizar
Sonho talvez...forma criança...velejar forte
E olho o sol....que me fere a esperança prometendo-me ...
E beijo o horizonte...que me esconde a verdade
Num construir...só de notas soltas....em colcheias
De pautas feitas...mas vazias de sinfonias margem
Onde a batuta....se quebra...o silêncio agudiza-se
A sonoridade agrava-se...no acústico dorido desnorte.

A criança abre-me o peito...salta para o pátio da chama
Belisca-me a alma em truque de magia ...aplauso simples
Puxa-me a orelha no segredar titubeante de canções nossas
Agride-me os cabelos...agora soltos e grisalhos das viagens vida
Insinua-se...em dança de ventre infantil...qual bolero crescente
Rabisca-me ordens...sem ordenamento....nos mapas sem definição
Pergunta-me como...sem saber como ...no começar gaguez
Diz-me ouvir-me....no desgoverno do meu crú sopro almejo
E deita-se cansada...o dia fora curto...a vontade enorme...
Mas o livro não se escreveu ainda e nunca com a palavra concordata.

No regresso adentro deste corpo albergue de dores
Até ela criança...reclama...que viver sem nascente
É como foz virtual...de um telhado não abrigo...
O ciclo...repete-se...em cada molhe de um porto
Encalhe de ondulação assimétrica...e pensamento sem carícia
Onde um riso figurado em encolher de ombros cúmplice
Derrota o encanto do velho senhor do mar...
Antiquado sabedor de marés e rugosa presença sem destino.....

in - momentos - by OUTONO - 2010



-Eléctrico de Lisboa-
by OUTONO- 2010
Fotografia publicada no livro
"OLHAR A URBE"
Chiado Editora

22 comentários:

  1. Como se fosse uma pequena flor nos meus dedos
    Ou uma lágrima de alegria
    Quem sabe um toque de melancolia
    Pequenos cantos, fogos e enredos
    Que me pintam a alma e me traçam o dia...

    Como se fosse apenas grão de areia
    Ou um grito que ninguém queria
    Que a dor também se faz arritmia
    Em todos os tempos quando passeia
    Pelo meu corpo que sangra a cada dia...

    Como se fosse um beijo ou uma palavra só
    Ou um calor feito solidão e companhia
    Qualquer coisa de sussurro, de poesia
    Largado em mim entre o horizonte e o nó
    Nos labirintos com que pinto cada dia...

    Como se fosse nada!
    Construção sem rosto, abadia
    Pó de dentro em espasmo e sangria
    Este querer foge de mim nesta estrada
    Por onde me perco de novo, quando raia o dia...

    ResponderEliminar
  2. As fotos....
    FANTÁSTICAS!
    F
    A
    N
    T
    Á
    S
    T
    I
    C
    A
    S
    O poema....
    Quando da tua alma lhe emprestaste?

    Beijo amigo!

    ResponderEliminar
  3. PS: e...
    Madrugada bela e surpreendente!
    Um poema do Pedro, mesmo mesmo depois do teu....
    Que delícia.
    Há manhãs assim....
    Gloriosas!

    ResponderEliminar
  4. oBRIGADA PELOS MOMENTOS BONITOS QUE VIVI.
    fOI BOM PASSAR POR AQUI...
    uM BEIJO


    Dia da Criança.


    Deveria ser só para que as crianças nesse dia tivessem um dia totalmente de dicado a brincadeiras e divertimemtos.
    Mas...Esse dia é para RELEMBRAR os direitos das crianças e alertar para o que o mundo faz às nossas crianças...

    Eu não me canso de escrever e gritar esta desigualdade...
    Pouco ou nada se consegue..
    Mas pelo menos espero que se pense no assunto...

    Esta desigualdade dói
    muito...

    ..............
    Conto estar na feira do livro do Porto dia 19 às 17,30.para uma sessão de autógrafos do meu livro Sporting em Poesia adorava ter- presente num momento bem importante para mim os meus amigos...

    um beijo

    ResponderEliminar
  5. E num momento... deixo-me levar pelas palavras e viajo...ouvindo La Vie en Rose!

    Apenas um momento...MAGNÍFICO!!!

    Obrigada pela partilha,Outono.

    Abraço amigo

    ResponderEliminar
  6. Escapam-se-me as palavras entre os dedos depois de ler o turbilhão das tuas... maré tão cheia de sentimento!

    Um beijo.

    ResponderEliminar
  7. Tantos "ses" e " tes" tantas palavras soletradas em vão ouvidas não escutadas, assim vamos vivendo neste mundo reflexo de nós em nós mesmos.
    beijinhos

    ResponderEliminar
  8. "...Brinco ainda com as palavras neste realizar
    Sonho talvez...forma criança...velejar forte
    E olho o sol....que me fere a esperança prometendo-me ...
    E beijo o horizonte...que me esconde a verdade
    Num construir...só de notas soltas....em colcheias
    De pautas feitas...mas vazias de sinfonias margem
    Onde a batuta....se quebra...o silêncio agudiza-se
    A sonoridade agrava-se...no acústico dorido desnorte."


    E mais não dissesses... e estava aqui tudo dito.

    Gostei muio de te ler.

    Bj e bom Domingo.

    ResponderEliminar
  9. *
    li e reli,
    um Outono, Primaveril !!!
    ,
    saudações,
    *

    ResponderEliminar
  10. Sabes brincar com as palavras.
    Ou elas é que brincam contigo...
    És poeta, resumindo.
    Parabéns pela excelência do poema.
    Abraço.

    ResponderEliminar
  11. PEDRO

    Se as palavras fossem eco continuado de gratidão...o meu sentir seria um eterno obrigado...pelo teu abraço criativo.

    Um abraço forte

    ResponderEliminar
  12. G...

    Não emprestei nada...não disse nada...nem nada escrevi...apenas uma pequena adenda da minha alma...

    Beijinho

    ResponderEliminar
  13. G...

    Há manhãs assim...dias assim...até ao por do sol...

    Beijinho

    ResponderEliminar
  14. ÁFRICA EM POESIA

    Obrigado amiga, pelo comentário impulso.

    Seguramente o seu livro será um sucesso....

    Beijinho

    ResponderEliminar
  15. CRISTAL

    E as palvras são assim...umsabor diferente de sentir em sentir...

    Beijinho....e obrigado

    ResponderEliminar
  16. MARIA

    ...deixa-me dizer, que gostaria que muitas palavras deste meu escrever...fugissem entre dedos...

    Beijo

    ResponderEliminar
  17. MULTIOLHARES

    Obrigado...sem SES ou TES...

    Um beijinho

    ResponderEliminar
  18. MENINA MAROTA

    Disse apenas...um milímetro desta construção alma...

    Beijinho

    ResponderEliminar
  19. POETA EU SOU

    Fantástica essa analogia...fiquei satisfeito...

    Um abraço

    ResponderEliminar
  20. NILSON

    Insisto...poeta não sou...apenas irrequieto "escritor" de momentos d'alma...

    Um abraço.

    ResponderEliminar
  21. Lindo o teu brincar com as palavras e os significados.
    Gosto de me passear pelos teus textos e fotografias... e não me canso nunca!
    Beijo, Amigo!

    ResponderEliminar
  22. VANDA

    Estás à vontade.
    Obrigado pelo apoio.

    Beijo.

    ResponderEliminar

A pretexto de...comente !